Apresentada pelo Ministério da Cultura e Santander Brasil, as obras mostram uma viagem pela história da autoimagem e a transição dos autorretratos analógicos às selfies digitais; São ao todo 101 obras de diversos artistas renomados da arte brasileira, entre modernos e contemporâneos; Mostra apresenta obra inédita de Vik Muniz, nunca exibida no Brasil. Busto com autorretrato do artista foi moldado em mármore de Carrara e esculpido por um robô.
São Paulo, outubro de 2024 – O Farol Santander São Paulo centro de cultura, lazer, turismo e gastronomia, inaugura no dia 4 de outubro (sexta-feira), a exposição inédita Narciso – a beleza refletida, que explora o mito de Narciso, paradigma da cultura ocidental, relativo ao cultivo da própria imagem, por meio do olhar do artista para si mesmo. Com curadoria de Helena Severo e Maria Eduarda Marques, além de direção artística de Marcello Dantas, a mostra reúne um acervo com 101 obras de diversos e representativos artistas brasileiros, entre pinturas, desenhos, esculturas e fotografias, produzidas entre a fase modernista e a contemporaneidade. A exposição ocupará toda a galeria do 22º andar do Farol Santander São Paulo e ficará em cartaz até o dia 5 de janeiro de 2025.
Ao longo da história, a parábola de Narciso, jovem de rara beleza aprisionada à própria imagem, inspirou artistas por mais de dois mil anos. Resgatada durante o Renascimento, após ser esquecida na Idade Média, a mitologia de Narciso passou a simbolizar a busca pela identidade do indivíduo, em um período de grandes transformações na arte e na valorização do autorretrato. A figura de Narciso, associada ao drama da individualidade, foi especialmente marcante para artistas renascentistas.
O autorretrato sobreviveu às transformações das vanguardas modernas, incorporando expressões subjetivas e interpretações mais livres. Com a chegada da fotografia, especialmente no século XIX, o autorretrato ganhou nova força. Nos tempos atuais, as fotografias digitais e as redes sociais revolucionaram a forma como a autoimagem é produzida e compartilhada.
“No coração do Farol Santander, este espaço de cultura e inovação, convidamos os visitantes a refletir sobre a linha tênue entre a busca por identidade e o narcisismo no século XXI. A exposição explora como o fascínio pela própria imagem atravessa os séculos”; comenta Maitê Leite, vice-presidente executiva Institucional do Santander Brasil.
A mostra exibe ao público 100 obras da coleção particular de Lúcia Almeida Braga, produtora de cinema, que foi concebida e organizada pelo arquiteto Márcio Rebello, seu marido, a partir de do ano de 1997. Trata-se de um conjunto de obras de arte em autorretratos produzidos em diversas técnicas e no mesmo formato, pelos mais destacados artistas modernos e contemporâneos brasileiros, que foram comissionados e agrupados durante duas décadas, de modo a desvendar “a cara do Brasil” na virada do milênio. O autorretrato de Cícero Dias, por exemplo, foi a última obra realizada pelo artista, em 2003, ano de seu falecimento.
Entre os destaques da coleção estão nomes como: Antonio Peticov, Beatriz Milhazes, Carlos Sciliar, Cícero Dias, Emanoel Araújo, Fernando Barata, José Roberto Aguilar, Leda Catunda, Luiz Zerbini, Siron Franco, Romero Brito, Tomie Ohtake, entre outros. Os trabalhos serão exibidos em telas originais e também em reproduções de backlight.
Para além da coleção e entre os grandes destaques desta exposição, está o autorretrato em formato de busto de Vik Muniz, que será exibido pela primeira vez no Brasil. A peça é resultado de um sofisticado processo fotográfico digital, que capturou imagens em 360 graus do artista, maquiado e vestido como Puck, personagem mitológico da peça Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare. O busto tem dimensões de 67X54X100cm e foi moldado em mármore de Carrara, proveniente da Itália, material nobre utilizado por escultores desde a antiguidade.
“A mostra é uma reflexão sobre a relação entre autoimagem e arte. Não buscamos uma interpretação psicanalítica, mas sim uma abordagem alegórica que conecta o autorretrato artístico com as características contemporâneas das selfies”; relatam Helena Severo e Maria Eduarda Marques, curadoras.
O circuito expositivo conta ainda com um grande espelho na entrada para receber o público e ambientar ao tema da exposição. Ao final do circuito, os visitantes podem conferir e explorar um ponto ‘instagramável’, com três salas coloridas e espelhadas em sua totalidade, com iluminação especial ativada quando os visitantes entram.
Linha do tempo em exibição: Autorretratos e selfies
A exposição Narciso – a beleza refletida apresenta uma linha do tempo, acompanhada de imagens item a item, para ilustrar essa história e evolução.
Autorrretratos
1839 — Acredita-se que o mais antigo autorretrato seja o de Robert Cornelius. Aos trinta anos, Cornelius se autofotografou com um daguerreótipo, do lado de fora de sua loja de lâmpadas na Filadélfia, EUA. Estima-se que ele tenha permanecido de pé por mais de quinze minutos para conseguir a fotografia. Seu semblante é de surpresa.
1914 — Aos treze anos, a Grã-duquesa Anastásia Nikolaevna, filha mais nova do czar Nicolau II, se autofotografou diante de um espelho. A foto circulou no Twitter em 2006, após a postagem da famosa selfie de Britney Spears e de Paris Hilton.
1920 — O fotógrafo nova-iorquino Joseph Byron registrou uma foto de si e amigos em um terraço, utilizando uma câmera grande e pesada segurada por dois amigos, sem estar ciente do ângulo da imagem. Já o francês Félix Nadar, conhecido por seus autores retratos na “era de ouro dos retratos na França”, também foi fotografado em um estúdio e em uma gôndola de balão de ar quente. Alfred Stieglitz, o primeiro fotógrafo a expor em um museu, criou uma série de mais de quinze autorretratos, incluindo “Autorretrato com câmera”. Por fim, Man Ray, artista norte-americano de ascendência russa, fez história na fotografia surrealista e publicou sua autobiografia Autorretrato em 1963.
1938 — Aos vinte e três anos, o cantor Frank Sinatra se fotografou no espelho do banheiro. Ele usa um chapéu e faz um sinal de “ok” para a câmara.
1954 — Autorretrato de Jackie Kennedy, tirado em frente a um espelho, no qual ela aparece com uma câmera na mão. Na imagem, também estão presentes o jovem futuro Presidente John Kennedy e sua cunhada Ethel.
1966 — George Harrison, guitarrista dos Beatles, em viagem pela Índia, levou sua câmera com lente olho de peixe e se autofotografou em frente ao Taj Mahal.
Além do artista Andy Warhol que foi um inovador da imagem fotográfica. Durante sua trajetória, produziu incontáveis autorretratos. Na década de 80, ele replicou fotografias feitas em polaroide em suas telas, criando autorretratos que se tornaram icônicos para a cultura pop.
Selfies
2002 — O primeiro registro da palavra selfie foi feito em um fórum on-line na Austrália. Os australianos costumam encurtar a pronúncia das palavras acrescentando a terminação “ie”. Selfie é uma abreviação da palavra self-portrait, que inglês significa autorretrato. Nathan Hope postou uma foto de seu lábio cortado em uma festa de aniversário de um amigo, acompanhada do comentário: “Desculpem o foco, era uma selfie”.
2004 — As redes sociais passaram a divulgar o termo selfie. Seu uso, no entanto, só ganhou verdadeira expressão em 2012, quando a palavra se tornou recorrente nas principais plataformas de mídia.
2006 — Britney Spears e Paris Hilton postaram no Twitter uma selfie em que aparecem sorrindo. Onze anos depois, Hilton declarou que ela e Britney haviam inventado a selfie.
2008 — O iPhone de segunda geração permitiu que a telefonia móvel processasse a transmissão imediata de dados, além da transmissão de sinais de áudio. Com isso, o material visual passou a circular livremente pela web, impulsando a banalização do registro cotidiano social, e não mais apenas a fixação dos registros extraordinários.
2011 — O cinegrafista David Slater, em trabalho na Indonésia, permitiu que vários macacos brincassem com sua câmera. A selfie tirada por um macaco da espécie Macaca nigra, chamado Naturo, gerou uma disputa legal sobre a autoria e os direitos da foto, na qual Naturo aparece sorridente. Slater decidiu doar 25% das receitas obtidas com a reprodução da foto para instituições que protegem primatas.
2013 — As selfies com o Papa Francisco viralizaram. Nesse ano, o presidente americano Barack Obama, quebrando o protocolo, foi comentado por tirar uma selfie com os primeiros-ministros David Cameron e Helle Thorning. Foi quando o Oxford English Dictionary escolheu “selfie” como a palavra do ano. Naquele ano, o emprego da palavra cresceu 17.000%, tornando-se uma das expressões mais procuradas.
2014 — Durante a cerimônia do Oscar, a apresentadora Ellen DeGeneres foi à plateia para tirar uma selfie com os atores Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Brad Pitt, Kevin Spacey, Meryl Streep e outras celebridades. Postada, a imagem viralizou com quase três milhões de retuítes, quebrando recorde de engajamento no ambiente digital de então.
A exposição é apresentada peloMinistério da Cultura e Santander Brasil, com organização da Oficina de Artes e produção da Ayo Cultural.
Sobre Helena Severo
Advogada (PUC/RJ), fez mestrado de Ciências Sociais (IFCS/RJ). Gestora pública foi Secretaria Estadual de Cultura do RJ, Secretaria Municipal de Cultura, RJ, Presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Presidente da Fundação Theatro Municipal do RJ, Presidente da Fundação Casa França Brasil, Diretora do Museu da República.
Curadorias mais recentes: Eterno Egito- A Imortalidade nas Coleções Viscondessa de Cavalcante e Eva Klabin – CASA MUSEU EVA KLABIN, RJ, 2024, Sente-se- Coleção Bei em Diálogo, CEBRAE/CRAB, 2023, Burle Max- A Paisagem Construída, FIESP, 2023, Vinicius de Moraes- Por Toda a Minha Vida Farol Santander, SP e Farol Santander POA 2023/2024.
No ano 2000 foi uma das curadoras da Mostra do Redescobrimento- Brasil +500. A exposição apresentou um panorama da história da arte brasileira desde antes da chegada dos europeus ao nosso país até o século XXI.
Sobre Maria Eduarda Marques
Graduada, mestre e doutora em História Social da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio De Janeiro, PUC-RIO, onde também lecionou História da Arte. Foi diretora da Espírito Santo Cultura e diretora executiva da Fundação Biblioteca Nacional. É autora de inúmeros ensaios, artigos e livros, com destaque para Mira Schendel, a Estética da Expressividade Mínima (2001), editado pela Cosac Naify e A Ordem Terceira de São Francisco do Recife. Homens de Negócio, de Fé e de Poder Político (2005), publicado pela Editora Massangana da Fundação Joaquim Nabuco.
Em 2002 escreveu também Fio a Fio, livro publicado pela Usina de Arte. É co-curadora da exposição 1654, sobre a rendição dos holandeses em Pernambuco, apresentada no Museu do Estado de Pernambuco.
Sobre Marcello Dantas
Marcello Dantas é um premiado curador interdisciplinar com ampla atividade no Brasil e no exterior. Trabalha na fronteira entre a arte e a tecnologia, produzindo exposições, museus e múltiplos projetos que buscam proporcionar experiências de imersão por meio dos sentidos e da percepção. Nos últimos anos esteve por trás da concepção de diversos museus, como o Museu da Língua Portuguesa e a Japan House, em São Paulo; Museu da Natureza, na Serra da Capivara, Piauí; Museu da Cidade de Manaus; Museu da Gente Sergipana, em Aracaju; Museu do Caribe e o Museu do Carnaval, em Barranquilla, Colômbia. Realizou exposições individuais de alguns dos mais importantes e influentes nomes da arte contemporânea como Ai Weiwei, Anish Kapoor, Bill Viola, Christian Boltanski, Jenny Holzer, Laurie Anderson, Michelangelo Pistoletto, Studio Drift, Rebecca Horn e Tunga. Foi também diretor artístico do Pavilhão do Brasil na Expo Shanghai 2010, do Pavilhão do Brasil na Rio+20, da Estação Pelé, em Berlim, na Copa do Mundo de 2006. Foi curador da Bienal do Mercosul, realizada em 2022, em Porto Alegre, e é atualmente curador do SFER IK Museo em Tulum, no México.
Formado pela New York University, Marcello Dantas é membro do conselho de várias instituições internacionais, mentor de artes visuais do Art Institute of Chicago e foi agraciado, em 2018, com a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura brasileiro.
Sobre o Farol Santander São Paulo – @farolsantander
Desde sua inauguração, em janeiro de 2018, o Farol Santander São Paulo – centro de cultura, turismo, lazer e gastronomia – já recebeu mais de 1,8 milhão de visitantes e apresentou mais de 53 exposições nos eixos temáticos e imersivos.
Atualmente, estão em exibição as mostras Virada Sônica: a escalada do som na arte contemporânea (até 13/10/2024), Iuri Sarmento – Suíte Barroca (até 03/11/2024) e Chroma – As Cores de Liz West (até 10/11/2024).
Construído para preservar o passado, iluminar o presente e transformar o futuro, o Farol Santander tem atrações que ocupam 18 dos 35 andares do edifício de 161 metros de altura que, por décadas, foi a maior estrutura de concreto armado da América do Sul.
As visitas começam pelo Hall do térreo, que surpreende com o famoso lustre de 13 metros de altura, pesando mais de 1,5 tonelada, passando pela Loja da Cidade e seguindo até o 26° andar. No Mirante do 26, o visitante poderá apreciar deliciosos cafés por Mag Café, enquanto admira uma das vistas mais famosas de São Paulo.
Do 24° ao 19° andar estão as galerias de arte que recebem exposições temporárias, apresentando trabalhos de diversos artistas nacionais e internacionais. E do 6º ao 2º andar, no Espaço Memória, os visitantes podem conhecer a história do prédio e da própria cidade de São Paulo. Esses andares preservam mobiliário original, executado pelo Liceu de Artes e Ofícios, expostos nas salas de reuniões, diretoria e presidência, ambientadas sonoramente para simular o funcionamento de uma instituição bancária na primeira metade do século XX. Na galeria do 4º andar fica a obra “Vista 360°, feita pelo artista brasileiro Vik Muniz exclusivamente para o Farol Santander São Paulo.
No subsolo do edifício, onde funcionava o cofre do Banco, está instalado o Bar do Cofre por SubAstor. O bar é ambientado com as características da época e pitadas contemporâneas em design e mobiliários, com carta de drinks especiais e aperitivos.
Outro espaço conectado à gastronomia é a Cozinha do 31 por Accademia Gastronomica, que mantém uma agenda semanal de cursos e aulas de gastronomia ministradas por renomados chefes de cozinha. E no 28º andar, o Boteco do 28 por Bar da Cidade, com um menu em referência à culinária da antiga paulistânia, nascida da união entre ingredientes e costumes indígenas e portugueses.
Mais um diferencial da instituição é a inusitada Pista do 21 por Rajas Skatepark, com instrutores homologados pela Federação Paulista da modalidade indoor. A pista de skate fica localizada no 21º andar do edifício e pode ser reservada para livre circuito de até sete skatistas por bateria, além de oferecer agendamento de aulas.
Além dos andares culturais e gastronômicos, o prédio possui dois espaços exclusivos para eventos. No 25° andar, um incrível ambiente de 400m² decorado com elegante design, o Loft do 25, é um local sofisticado e contemporâneo que se adapta a diversos formatos de eventos. E, no 8° andar, a Arena do 8 é o espaço ideal para palestras, encontros e debates, oferecendo equipamentos de áudio e vídeo, além da linda vista para o Vale do Anhangabaú e Avenida São João.
Serviçoexposição Narciso – a beleza refletida
Endereço: Farol Santander – Rua João Brícola, 24 – Centro (estação São Bento – linha 1 azul do metrô)
Quando: 04/10/2024 a 05/01/2025
Funcionamento: terça-feira a domingo
Horários: 09h às 20h
Ingressos: R$ 40,00 (R$ 20,00, meia-entrada)
Cliente Santander: 10% de desconto comprando com o cartão Santander (em até 8 ingressos).
Cliente Santander Select: 10% de desconto comprando com o cartão Santander Select (em até 8 ingressos), e prioridade na fila de entrada para o Farol.
Site Farol Santander: farolsantander.com.br
Telefone Farol Santander: (11) 3553-5627
Compra online: https://www.farolsantander.com.br/#/sp (vendas também na bilheteria local)
Classificação: livre