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Ester Laccava encerra trilogia com questões ligadasà luta da mulher no vigoroso monólogo Ossada

Para encerrar a mostra Grito de Mulher, Ester Laccava reestreia o terceiro espetáculo de sua trilogia, OSSADA dia 15 de maio, quinta-feira, às 21 horas, no porão do Centro Cultural São Paulo. Depois de Curtume e A Árvore Seca, Ester, uma das grandes atrizes brasileiras, empresta o corpo e a alma para representar mulheres angustiadas, exaustas com o dia a dia opressor. O solo reúne cinco histórias da atriz e autora inglesa Maureen Lipman, além de referências à escritora e poeta polonesa Wislawa Szymborska e à cantora, compositora e performer americana Laurie Anderson. São situações cotidianas de cinco mulheres: um pai em coma, o casamento de um filho, uma entrevista para a TV, os abusos familiares e um cigarro que nunca acende. Nos cinco monólogos baseados em adaptações livres, o ponto comum é a figura da mulher “esgarçada” em sua existência. Personagens que desafinam diante das regras sociais e acabam “vazando”, deixando transparecer o animal indomesticável que habita em nós: a mulher como sujeito, a mulher como objeto, a mulher.

Ossada funde essas narrativas num contexto que coloca em debate a trajetória do mundo enquanto humanidade, ou melhor, a capacidade do indivíduo em compreender a humanidade por um viés de fato humanístico.

Tudo é potencializado no sufocamento causado por frustrações dessas mulheres dentro de um cenário minimalista e selvagem”, conta Ester, completando que o cenário, ou instalação, “remete a uma sala de museu de história natural, desdobramento do significado da palavra ‘ossada”. A peça busca alcançar um frescor na linguagem e sensibilizar o espectador, que é convidado a questionar algumas constatações e crenças que já não fazem tanto sentido nos dias de hoje, como direcionamento desse projeto.

A missão é provocar o público, revelando que ainda é possível fazer as pontes emocionais e afetivas no mundo globalizado”, destaca Laccava. A escolha por um teatro com elementos da performance visa unir toda a equipe numa só voz. “Um grande sopro de um gigante que tomba esses temperamentos, colocando essas mulheres diante da fragilidade versus a força, na mesma intensidade, como se duas notas dissonantes encontrassem no universo fantástico um lugar possível de se harmonizarem“, finaliza a atriz e diretora.

Sinopse

O patético inconfessável no cotidiano de cinco mulheres que desafinam diante das regras sociais e acabam vazando, deixando transparecer o animal indomesticável que habita em cada um de nós. A partir de textos de Wislawa Szymborska, Maureen Lipman e Laurie Anderson, adaptados por Ester Laccava, Elzemann Neves e João Wady Cury.

Sobre a mostra de solos

A mostra de solos da atriz e diretora foi aberta com Curtume – Dias Secos Inundados de Acácia, em fevereiro, e seguiu até 9 de março, no Teatro Cacilda Becker. Depois veio A Árvore Seca. Ossada é a última da mostra a entrar em cartaz. Em comum as peças abordam temas recorrentes no trabalho da artista, assuntos ligados à luta da mulher – abuso, misoginia, preconceito, machismo, assédio, incesto e pedofilia, entre outras questões. Cada espetáculo cumpre temporada de um mês, com doze apresentações de sexta a domingo na cidade de São Paulo, totalizando 36 sessões. Cada uma das peças apresenta um ensaio aberto, uma sessão com tradução em Libras e um debate com a presença dos criadores e da plateia para discutir os temas da peça em questão. As temporadas serão realizadas em teatros com acessibilidade e fácil acesso.

43 anos de teatro

Com 43 anos de teatro, esta atriz, performer, autora e diretora paulistana, filha de italiana, continua inquieta quando fala do seu ofício, e das suas escolhas. Foi exemplo como produtora ao traduzir, elencar, atuar e produzir um dos maiores sucessos do teatro paulistano, A Festa de Abigaiú, em 2007, onde, com ilustres desconhecidos, inclusive ela, arrebatou o público e permaneceu 4 anos em cartaz fazendo filas nos teatros onde passava. Antes disso, já havia conquistado a crítica especializada com os espetáculos O Belo indiferente, em 2003; Garotas da Quadra, em 2004, Volta ao lar, em 2005;Piscina sem água, em 2010. Indicada 4x ao prêmio Shell de Melhor Atriz. Indicada ao prêmio Bibi Ferreira. Indicada ao APCA e com este espetáculo foi indicada novamente ao APCA de melhor atriz.

Ester deu aula de dança em Washington (USA) durante um semestre em 1984 na cidade de Yelm. De 1984 a 1988 enriqueceu seu currículo com duas temporadas fora do Brasil, em Chicago como atriz em No Exit, de Jean Paul Sartre, direção de Katerine Anstiti, e em Paris como assistente de direção na Lactoratdu Cinema Jean Paul Violin. Com “GAROTAS DA QUADRA” de Rebecca Prichard, espetáculo viabilizado pelo VIII Cultura Inglesa Festival, adaptação e direção de Mário Bortolotto, recebeu duas indicações ao prêmio Shell 2004 de melhor atriz e melhor tradução. Como produtora e atriz em “A Festa de Abigaiu” foi vencedora do 11° Cultura Inglesa Festival, ganhando também o prêmio de melhor produção. Em 2010 produziu “Piscina sem Água” de Mark Havenhill, e atuou como atriz, ganhando o prêmio de melhor espetáculo do 11º Cultura Inglesa Festival. Concebeu “A Árvore Seca”, de Alexandre Sansão, aventurando-se também na Trilha Sonora do espetáculo.

Um monólogo baseado na literatura de Cordel, rendeu-lhe a 4ª indicação ao Prêmio Shell de melhor atriz de 2011. Em 2019 foi indicada ao prêmio APCA de melhor atriz em OSSADA, em que a direção é também de Ester. Indicada no mesmo ano de 2020, ao prêmio Bibi Ferreira, de melhor atriz no espetáculo “Uísque e Vergonha”, adaptação de Michele Ferreira e direção de Nelson Baskervile. Participou com o espetáculo “A árvore Seca” em vários festivais nacionais e internacionais como Alemanha e Portugal. Em 2015 participou do festival de teatro de Valongo (Porto), com “A pedra de paciência”, de AtiqHahime, premiado cineasta e escritor do Oscar e do Goncour em 2008 com esse romance.

Ficha Técnica

Direção e criação: Ester Laccava, a partir de textos de Maureen Lipman, Wislawa Szymborska e Laurie Anderson (Obras da Wislawa Szymborska – Edição da Companhia das Letras – tradutora: Regina Przybycien).

Tradução: Gabriela.

Adaptação dos textos: Ester Laccava, Elzemann Neves e João Wady Cury.

Atriz: Ester Laccava.

Diretor de Produção: Emerson Mostacco.

Desenho de luz e imagem: Mirella Brandi.

Trilha Sonora: Mueptemo.

Figurinos: Ester Laccava.

Costureira: Judite Lima.

Assistentes de direção: João Wady Cury e Elzemann Neves.

Operação de luz: Giuliano Caratori.

Operação de som: Giulia Lacava.

Designer Gráfico: Giulia Lacava e Pedro Lacava.

Tradutor em Libras: Ricieri Palha.

Serviço

OSSADA. Monólogo com Ester Laccava. Reestreia dia 15 de maio, às no Espaço Cênico Ademar Guerra do Centro Cultural São Paulo (porão). Rua Vergueiro, 1.000. São Paulo – SP. Temporada – de 15/05 a 31/5. Dias 15, 16, 17 e 18; 22, 23, 24 e 25; 29, 30 e 31 de maio.

Horário – Quinta, sexta e sábado 21h. Domingo 20h. Dia 31, duas sessões, 19 e 20h.

Capacidade – 100 lugares.

Ingressos: Entrada gratuita.

Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 14 anos.

Duração – 60 minutos.

Sessão com tradução em libras – a confirmar datas.

Para mais informações, acesse: https://centrocultural.sp.gov.br/ossada/

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